domingo, 2 de outubro de 2011

Licença-prêmio e o Grande Sertão

Terminaram os quinze dias de licença-prêmio que havia tirado... Amanhã volto ao trabalho em período integral. O que fiz nestes dias quinze dias? Os planos eram muitos, mas, logo, logo, deixei tudo para lá e procurei somente “estar”. Viver o que o momento traz... óbvio que precisei continuar os outros trabalhos, o cuidado comigo, com os filhos e com a casa...  fora isso... vi filmes e li... muitos livros.
Costumo fazer uma brincadeira: conto aos amigos que, quando eu nasci, meus pais não sabiam que nome me dariam e resolveram esperar para ver o nome brotar... Quando comecei a ler, eles souberam o nome que me dariam...  eu pegava um livro e lia... e lia na sala, e lia na cama, e lia na poltrona, e lia na rede... e lia na... Eliana.
A leitura é um dos fortes fios condutores da minha vida. Nestes dias de (quase) descanso, recorri à ampla biblioteca do meu amor... trouxe de lá uma alta pilha de livros, que dispus em meu criado-mudo e vibro à medida em que vejo a pilha se reduzir ao ritmo da minha leitura encantada.
Aos poucos, comentarei as obras que li. A primeira provocou-me especial alegria: trata-se de uma edição especial em comemoração aos 50 anos de publicação de Grande Sertão: Veredas, do maravilhoso Guimarães Rosa. O livro em si já havia lido e relido, à época do Curso de Letras... este, agora, descreve, com palavras e fotos, a instalação homônima ao livro concebida por Bia Lessa para a inauguração do Museu da Língua Portuguesa, em março de 2006. A concepção da instalação, os caminhos percorridos pelos visitantes, as folhas dos originais do Grande Sertão, revelando o esmero de Guimarães Rosa com seu texto... o sertão visto, ouvido, saboreado, sentido... mais que a instalação, o pequeno livro trouxe de volta o mundo mítico do nosso universal Grande Sertão:Veredas.
Para vocês, alguns fragmentos, citados no livro.
“Diadorim é a minha neblina...”
“Relembro Diadorim. Minha mulher que não me ouça. Moço: toda saudade é uma espécie de velhice.”
“Riobaldo, a colheita é comum, mas o capinar é sozinho...”
“Despedir dá febre.”
“(...) no viver tudo cabe.”
“Viver... O senhor já sabe: viver é etcétera...”
“Homem foi feito para o sozinho?”
“A liberdade é assim, movimentação.”
“A gente só sabe bem aquilo que não entende.”
“O senhor sabe o que o silêncio é? É a gente mesmo, demais.”
“Qualquer amor já é um pouquinho de saúde, um descanso na loucura.”
“Viver é um descuido prosseguido.”
“Vivendo, se aprende; mas o que se aprende, mais, é só a fazer outras maiores perguntas.”
- “Sorte é isto. Merecer e ter...”
“Cada hora, de cada dia, a gente aprende uma qualidade nova de medo!”
“Somente com alegria é que a gente realiza bem – mesmo até as tristes ações.”
“Perto de muita água, tudo é feliz.”
“O senhor... Mire veja: o mais importante e bonito, do mundo, é isto:               que as pessoas não estão sempre iguais, ainda não foram terminadas – mas que elas vão sempre mudando. Afinam ou desafinam. Verdade maior. É o que a vida me ensinou. Isso que me alegra, montão.”


2 comentários:

  1. Lili, Guimarães em tempo de ócio...ainda que tão pouco tempo...não tem preço...ele, Guimarães, disse que gostaria de ser um crocodilo..."Quando escrevo, repito o que já vivi antes. E para estas duas vidas, um léxico só não é suficiente. Em outras palavras, gostaria de ser um crocodilo vivendo no rio São Francisco. Gostaria de ser um crocodilo porque amo os grandes rios, pois são profundos como a alma de um homem. Na superfície são muito vivazes e claros, mas nas profundezas são tranquilos e escuros como o sofrimento dos homens." Não é lindo? bjs Stela

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  2. Não consegui ainda ler esse livro... Grande desafio a vencer. bjs, Neu

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