domingo, 17 de abril de 2011

PERDER

No último dia 15, sexta-feira, fez 14 anos que perdi meu pai. Quem perdeu alguém querido sabe: a dor permanece, a saudade aumenta, o tempo cuida de que possamos continuar a viver... Mas, as datas trazem a lembrança e a tristeza chega, mansa e contínua. Uma perda lembra outras... 
Transcrevo aqui um trecho do belo livro "Perdas Necessárias", de Judith Viorst. Longe de ser um livro pessimista, nos ensina a encarar as perdas como degraus para o amadurecimento e a vida plena. 

"Um tanto enrugada, altamente vulnerável e definitivamente mortal, examinei essas perdas. Essas perdas de uma vida inteira. Essas perdas necessárias. As perdas que enfrentamos quando nos vemos face a face com o fato do qual não podemos fugir:
que nossa mãe vai nos deixar, e que nós vamos deixá-la;
que o amor de nossa mãe jamais será só nosso;
que as dores que nos machucam nem sempre desaparecem com um beijo;
que estamos no mundo essencialmente por nossa conta;
que, por mais sábia, bela e encantadora que seja, nenhuma garota pode se casar com o pai quando crescer;
que nossas opções são limitadas pela anatomia e pela culpa;
que há falhas em qualquer relacionamento humano;
que nosso status  neste planeta é implacavelmente efêmero;
e que somos completamente incapazes de oferecer a nós mesmos ou aos que amamos qualquer forma de proteção - proteção contra o perigo e contra a dor, contra as marcas do tempo, contra a velhice, contra a morte, proteção contra nossas perdas necessárias.
Essas perdas são parte da vida - universais, inevitáveis, inexoráveis. E essas perdas são necessárias porque para crescer temos de perder, abandonar e desistir."



Para todos, uma boa semana. Com boas perspectivas de descanso, lazer e ganhos.

4 comentários:

  1. Olá Eliana!
    Infelizmente a vida tem dessas coisas...(perdas, mas também ganhos)sei muito bem disso, já passei 2 vezes por esses momentos tão difíceis, dolorosos e indesejados. Acredito que, o “Senhor Tempo” cuida também de cicatrizar as feridas expostas e de nos consolar com o fato de que nossas lembranças: “do coração... da memória...da alma”, nunca serão apagadas , mesmo com o passar do divino tempo!
    Mais um motivo para vivermos cada dia único que é, de maneira exclusiva, deixando pra trás as pequenezas que tanto atravancam nosso caminhar, pois a vida é curta demais para perdermos “tempo útil”. Dessa vida, a gente só leva a vida que a gente leva... Por isso, deixe a felicidade entrar em sua morada e a transmita ao máximo de pessoas que puder.
    Beijo e um grande abraço,
    da amiga Andréia.

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  2. QUERIDA SOBRINHA...
    GOSTEI DA SUA IMPRESSÃO QDO SE REFERIU À "PERDAS" NO SEU BLOG.MACHUCAM MESMO, DÓI MUITO MAS O TEMPO CUIDA DE TRATÁ-LAS COMO VC. BEM DISSE.
    FICA SEMPRE A SAUDADE E A EXPERIÊNCIA PARA NOVAS PERDAS QUE, COM CERTEZA, VIRÃO!
    MAS TODAS FEREM NA MESMA INTENSIDADE.
    PRECISAMOS DE MUITOS ANOS DE VIDA PARA SABER QUE, MESMO PERDENDO ALGUM GANHO SE VISLUMBRA.
    UM TERNO ABRAÇO.
    TIA LENA.

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  3. ELIANA,

    li o texto em memória de seu pai. Lembrei-me imediatamente de uma poesia da Elisabeth Bishop sobre a questão da perda. Ela me espantou pelo viés inusitado que escolheu. O texto da autora que você transcreveu vai na mesma linha. Mas Bishop conseguiu sintetizar isso admiravelmente. Uma visão estóica, sem dúvida, dessas coisas todas que perdemos pela vida.


    Abração

    Walter Cezar

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  4. ... as perdas são também como os encontros...não temos controle sobre eles ... e eles fazem parte da nossa vida assim como um dia após o outro...

    que possamos nascer e morrer para os nossos dias - sejam eles de chuva ou de sol...

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