Vinte e sete de março. Meu pai faria hoje oitenta e um anos. Posso até imaginar como ele estaria, se tivesse sobrevivido àquela cirurgia do coração e aos demais problemas de saúde que poderia ter enfrentado, entre os sessenta e sete anos e o dia de hoje. Seria ainda um velhinho altivo, bem-humorado, afetuoso. Imagino-o a olhar meus filhos crescerem, a se orgulhar de ter netos tão belos e saudáveis.Imagino-o a vibrar com as nossas conquistas, a passear comigo no meu carro novo, a enxugar-me uma lágrima, a contar tantas vezes as mesmas piadas. Imagino-o em sua poltrona, dando chutes no ar para ajudar os jogadores do São Paulo a marcar um gol. Imagino suas mãos envelhecidas, pintadas de tempo e de vida. Grandes e calorosas mãos que tanto me embalaram. Imagino que teria ainda disposição para a compra do bacalhau para o almoço do aniversário. E que estaríamos rindo e brindando mais um dia juntos. Imagino o quanto teria se alegrado ao se ver tantas vezes retratado em meu livro. Imagino-o doce, belo e amigo. Obrigada, meu pai. Sei que vive em mim.
Eliana Maciel
Amei a "escova", mas amei mais ainda a homenagem ao seu pai. Que saudade fiquei do meu. Mas fico aqui pensando...imaginando seu pai comemorando o centésimo gol do goleiro Rogério Ceni.Quanta vibração,não? E eu sou corinthiana, hein!
ResponderExcluirLucinha