segunda-feira, 25 de outubro de 2010

AUTOBIOGRAFIA

Queridos leitores

ao publicar meu livro, me pediram uma autobiografia. Não quis fazer. Estava certa de que não conseguiria, em poucas linhas, revelar quem sou. Agora, fiz uma brincadeira comigo mesma: pensei frases para completar "Eu já..." e o texto me agradou. Espero que agrade a vocês também. Na sequência, talvez escreva "Eu nunca...", pensando que as coisas que não fizemos, as oportunidades que não tivemos, as recusas, o não-realizado de alguma forma dizem também quem somos. Fica para a próxima.
Então, segue abaixo o texto. Se quiserem entrar na brincadeira, poderão enviar o "Eu já..." de vocês. Experimentem! Prometo comentar todos.
Abraços!

AUTOBIOGRAFIA

Nasci pelas mãos do Dr. Fernando Miléo, na Santa Casa de Guaratinguetá. A quarta filha do casal. A terceira a sobreviver. Eu tive sarampo, catapora e coqueluche. Eu quase morri de desidratação quando era bebê. Eu já tomei soro na testa. Eu já levei recado para a minha mãe. Eu já fui buscar o meu pai no bar. Eu já assisti tevê na casa da vizinha. Eu já brinquei de roda, de amarelinha, de casinha e de médico. Eu já senti ciúme da minha irmã. Eu já desejei ser bem velhinha. Eu já odiei ter cortado o cabelo. Eu já construí uma casa e depois a deixei para continuar vivendo.  Eu já amamentei meus filhos até que dormissem, saciados. Eu já tive um carro velho que sempre precisava de um empurrão. Eu já chorei pelo leite derramado. Eu já me arrependi e voltei atrás. Eu já me arrependi de ter me arrependido. Eu já perdoei setenta vezes sete ao cubo. Eu já segurei um carneiro na unha. Eu já almocei no restaurante da Dona Licéia. Eu já vi o pôr-do-sol no mar de Búzios. Eu já comemorei meu aniversário no  Pão-de-Açúcar. Eu já passei noites e noites nos braços serenos de um grande amor. Eu já tive as feridas cicatrizadas. Eu já sangrei tanto que senti a morte ao meu lado. Eu já me decepcionei com muitos advogados. Eu já escrevi cartas de amor sem resposta. Eu já caminhei despreocupada pelo centro do Rio de Janeiro de madrugada. Eu já aprendi a dançar forró. Eu já fui à FLIP por quatro vezes. Eu já cantei num karaokê. Eu já reencontrei um amor antigo pela internet. Eu já jantei num restaurante francês. Eu já vi as luzes de São Paulo de um avião. Eu já comi ostras em Florianópolis. Eu já viajei de moto. Eu já bordei uma toalha de mesa enquanto esperava meu filho nascer. Eu já me apaixonei por um homem mais novo e por outro, mais velho. Eu já desejei viver na Toscana. Na Grécia. Em Itaipava. Em São Paulo. Em Cunha. Eu já quase me afoguei. No mar, na piscina e nas lágrimas. Eu já passei os dedos pelo rosto frio do meu pai. Eu já visitei seu túmulo sozinha, só pra chorar. Eu já ensinei meus filhos a falar, a cantar , a agradecer, a rezar,  a respeitar os outros. Eu já fui e voltei de Ouro Preto... dirigindo meu carro. Eu já adentrei 120 metros debaixo da terra. Eu já defendi causas perdidas. Eu já gritei “impeachment” na rua. Eu já chorei ao ver filmes. Duas vezes. Três. Inúmeras. Eu já fui aprovada em sete concursos públicos. Eu já ajudei alguém a se tornar leitor. Eu já devorei livros. Eu já cozinhei no fogão a lenha. Eu já amo meus filhos pelos seres que são. Eu já dormi enroscada sobre um tapete. Eu já comi o pão que o diabo amassou. Eu já desfilei na Embaixada do Morro. Eu já passei a noite de Natal chorando. Eu já ganhei presente no dia dos pais. Eu já me olhei no espelho e me achei bela. Eu já me olhei no espelho e me achei velha. Eu já li Hilda Hilst e gostei. Eu já desisti de ler O Senhor dos Anéis. Eu já li mais de 500 livros. Eu já quis ser marceneira e quase perdi os dedos. Eu já joguei uma aliança no saco de lixo e o amarrei bem forte. Eu já aprendi e ensinei literatura, gramática e redação. Eu já cheirei as roupas dos meus filhos para aplacar a saudade. Eu já fiz bola de chiclete. Eu já fiz as pazes com a minha infância. Eu já conversei com a Marina Colasanti. Eu já perdi a noção do tempo nas ruas de Paraty. Eu já aprendi a tecer com uma amiga chilena. Eu já abracei um urso. Eu já escrevi um livro. Eu já lancei o livro na Bienal de São Paulo. Eu já percebi que tenho muitos amigos. Eu já...

Estou lendo...




Estou concluindo a leitura de "Mundos de Eufrásia", de Cláudia Lage. Confesso que, no início, não gostei muito. A autora tem um estilo rebuscado demais para o meu gosto. Quase não deixa o leitor "trabalhar" a leitura. Aos poucos, fui me acostumando e me apaixonei pela história de Eufrásia, uma mulher muito à frente de seu tempo. Herdeira dos Teixeira Leite, ricos investidores do café, Eufrásia foi educada para adminstrar a fortuna da família e, ao fazer sua escolha, praticamente teve que abdicar da vida familiar pacata a que todas as mulheres almejavam na época. Ousou enfrentar a família e a sociedade ao assumir um romance com o célebre Joaquim Nabuco.
Os homens sempre são célebres... agora, pouco a pouco, é que estamos sendo apresentados para as grandes mulheres.
E você? O que está lendo?

Abraços literários.

Eliana Maciel

sábado, 16 de outubro de 2010

LANÇAMENTO DO LIVRO MENINA DOS OLHOS EM CRUZEIRO

Vejam algumas fotos:


No dia em que acertei com a Editora o Lançamento do livro, recebi da Thais,  colega na Supervisão, convite para fazer um lançamento na FIC – Faculdades Integradas de Cruzeiro, por ocasião da 17ª Semana Cultural. Tudo combinado, fui para o evento na última quarta-feira, 13/10. A Thais, que também é uma das coordenadoras da Faculdade, havia me dito que eu teria alguns minutos para discorrer sobre o processo de criação do livro.
 Estava me preparando uma bela surpresa. Logo após minha chegada, iniciaram-se as atividades de abertura da 17ª Semana Cultural da FIC. O mestre-de-cerimônias me apresentou ao público. Levantei-me para ouvir os aplausos de 150 pessoas.
Em seguida, a Professora de Literatura, Ercília, leu um texto de sua autoria no qual faz uma análise do Menina dos Olhos. Análise apurada, detalhada, ricamente exposta. Leu seu texto com muita emoção. Meus olhos começaram a embaçar... Na sequência, duas alunas do curso de Letras leram os contos “Pra quando for moça” e “Portão azul” e a Professora de Linguística, Sônia, leu o conto “Flores Vermelhas”, acompanhadas de um fundo musical que enriqueceu as palavras tão queridas a mim, que as escrevi e tantas vezes revisei.
 Não houve (nem quis que houvesse) meios de segurar as lágrimas. . .  
 
Quando fui chamada para falar, senti que não haveria muito que dizer. Fui convidada para apresentar o meu livro e acabei sendo apresentada a ele pelos leitores, alunos e professores da Faculdade. As palavras que preparei assumiram outro valor. Senti-me, antes mesmo de falar, aconchegada por aquelas pessoas que já gostavam de mim pelos meus contos. A menina chegou na frente e abriu-me as portas daquela casa. Ainda mais: do palco, pude ver... 150 rostos totalmente em silêncio, os olhos brilhando, atentos à minha fala... os rostos queridos esparramados pelo auditório: meu filho Léo, minha tia Lena, a prima Regina, as colegas Márcia e Sandra,  a amiga de Queluz, Teresa... e a Thais, que tudo preparou, com os olhos também vermelhos, me acompanhando. Falei o que preparara e fui aplaudida em pé por aquelas pessoas generosas e amigas. Ofertaram-me um lindo arranjo de orquídea, que ornamenta minha sala, e uma placa, que diz:
“O que a memória ama fica eterno.” – Adélia Prado.
As Faculdades Integradas de Cruzeiro parabenizam Eliana Maciel pelo livro “Menina dos Olhos”. 
Cruzeiro, 13 de outubro de 2010.
Ao lado do auditório, uma sala de aula, muito organizada e bonita, me esperava para as conversas, os abraços e os autógrafos.
Uma noite perfeita – que não sei se merecia.
Novamente agradeço a Thais e a todos os organizadores do evento. Aos professores e alunos. Aos amigos e familiares presentes. Uma noite para se guardar no coração.
"O que a memória ama fica eterno." - Adélia Prado

segunda-feira, 11 de outubro de 2010

Fotos: Menina dos Olhos na Bienal









Compartilho com vocês as fotos do lançamento do livro Menina dos Olhos na 21ª Bienal Internacional do Livro de São Paulo. Acessem o link abaixo:


http://picasaweb.google.com/101768228115408442314/MeninaDosOlhosBienal#